A segunda metade do Século XX marca a abertura da arte brasileira para o mundo. E que mundo é esse? É o mundo do pós-guerra no qual a guerra não passa: permanece latente e ameaçadora. A chamada “paz da bomba” inventa uma nova forma de guerra que se converterá na terceira guerra mundial: a guerra fria. Esse será o mundo do primeiro satélite soviético, o Sputnik em 1957; do primeiro satélite Norte-americano em 1958, o Explorer; do primeiro vôo orbital tripulado e da exortação que Yuri Gagarin inscreveria na história: “A Terra é azul”. O mundo do primeiro homem a pisar na lua, Neil Armstrong, em 1969. O homem olha para o espaço não como os artistas, mas como guerreiros em busca de supremacia bélica.
Na arte, porque manifestação da sensibilidade humana, a reação é conseqüência inescapável. O mundo assistirá ao primeiro Happening em 1952, realizado por John Cage; o início da Pop Art, por volta de 1955 e da Minimal Art em 1966, e a fortes manifestações de artistas que marcaram o século XX como Allan Kaprow, Andy Warhol, Christo Javacheff, Francis Bacon, Giacometti, Mark Rotko, Pablo Picasso, Victor Vasarely, entre tantos outros. Com o advento da guerra fria o mundo não seria mais o mesmo. E nem a arte.
No Brasil, tangida pelo impacto libertador do movimento modernista, a arte ensaia acrisolar sua modernidade. No Rio de Janeiro, em 1950, Afonso Eduardo Reidy projeta o Museu de Arte Moderna, criado em 1948; em 1951 vem à luz a I Bienal de Arte de São Paulo sobre a qual Oswald de Andrade, autor do Manifesto Antropofágico (1928) situado no eixo do movimento modernista, dirá “A Bienal é a coveira da Semana de Arte Moderna de 22”. No mesmo ano surge também em São Paulo o Grupo Concretista Ruptura; no Rio de Janeiro surge em 1952 o Grupo Concretista Frente; em 1957 inicia-se a construção da atual sede do Museu de Arte de São Paulo – MASP, criado em 1947, dando forma ao arrojado projeto de Lina Bo Bardi. Em 1959 acontece a primeira exposição de Arte Neoconcreta, no Rio de Janeiro; em 1960 Ferreira Gullar publica sua Teoria do Não-Objeto; em 1963 é criado o Museu de Arte Contemporânea – MAC, da Universidade de São Paulo, com acervo inicial doado pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM. Acontece em 1963, em São Paulo, o primeiro Happening do país organizado por Wesley Duke Lee. Muitos eventos históricos marcarão a segunda metade do século XX nas artes brasileiras, como o I Salão Esso de Artistas Jovens no MAM do Rio de Janeiro, em 1965; a I Bienal de Artes Plásticas de Salvador, em 1966; o Manifesto da Nova Objetividade Brasileira, de Hélio Oiticica, no MAM do Rio de Janeiro.
A Pós-modernidade e a tecnologia passam a compor o cenário das artes no final do Século. As vanguardas se sucedem. O mundo assiste, até o final do século XX, a 24 Bienais Internacionais de Arte de São Paulo.
Entre os muitos nomes da segunda metade do século XX, além dos já mencionados, estão Aldemir Martins, Antonio Bandeira, Antonio Dias, Antonio Henrique Amaral, Alfredo Volpi, Bruno Giorgi, Cândido Portinari, Carlos Scliar, Cláudio Tozzi, Di Cavalcanti, Di Prete, Djanira da Mota e Silva, Fernando Lemos, Francisco Brennand, Frans Krajcberg, Genaro de Carvalho, Géza Heller, Glauco Rodrigues, Heitor dos Prazeres, Hélios Seelinger, José Pancetti, José Roberto Aguilar, Lívio Abramo, Lygia Clark, Manabu Mabe, Marcelo Grassmann, Maria Bonomi, Maria Leontina, Mestre Vitalino, Milton Dacosta, Nélson Leirner, Rubens Gerchman, Samson Flexor, Tomie Ohtake, Victor Brecheret, Willys de Castro.
A Arte contemporânea está indelevelmente marcada pela influência do século XX. Agora é aguardar que o olho da história escrute significados na arte que fazemos hoje, com o necessário distanciamento do futuro.