Falso ou Verdadeiro? Um Da Vinci em Cheque!

La Bella Principessa

Esse é um daqueles casos de deixar a comunidade científica e a artística de cabelos em pé. O quadro atribuído a Leonardo Da Vinci, “La Bella Principessa”, agora tem autoria reivindicada por um famoso falsificador.

Trata-se de Shaun Greenhalgh. Mestre falsificador, nascido em Bolton, Inglaterra. Greenhalgh cumpriu quatro anos de prisão, em 2007, por uma vasta produção de obras de arte, pinturas e esculturas falsificadas de artistas como Thomas Moran, Samuel John Peploe, Dame Jocelyn Barbara Hepworth e Laurence Stephen Lowry, de quem fez e vendeu a primeira obra falsa aos 15 anos de idade, como contou à apresentadora Fiona Bruce, de um programa nacional da emissora de televisão BBC, sobre arte falsa chamado “Fake or Fortune” (Falso ou Fortuna).


Shaun Greenhalgh

Greenhalgh produzia suas falsificações em um galpão do jardim de sua casa, na pequena cidade de Bromley Cross, subúrbio de Bolton, na Grande Manchester, Inglaterra, e as vendia com o auxílio de seus pais George e Olive. Talentoso, ainda quando estava no curso equivalente ao nosso Fundamental I, produziu e vendeu falsos potes da época vitoriana por cinco libras. Mais tarde começou a trabalhar numa biblioteca onde haviam livros na seção de arte, que descreviam obras de arte perdidas e as copiava. Falsificou antiguidades Romanas e uma obra de Paul Gauguin, com a qual enganou o historiador da arte Waldemar Januszczak, que agora é coautor de sua biografia.


Autobiografia “A Forger’s Tale”

O livro biográfico intitulado “A Forger’s Tale” (em tradução livre, “Conto de um Falsificador”), ZCZ Editions, lançado em novembro de 2015, de autoria de Shaun Greenhalgh, com importante prefácio de Waldemar Januszczak jogou uma bomba no mundo das artes: Greenhalgh afirma ser o autor da obra “La Bella Principessa”, atribuída a Leonardo Da Vinci, e diz tê-la pintado em 1978.

Voltaremos a Greenhalgh daqui a pouco. Para entender o caso, é preciso saber um pouco sobre os materiais de que é feita a obra “La Bella Principessa”, conhecer sua trajetória e por que foi atribuída a Leonardo Da Vinci.

Materiais

“La Bella Principessa” é um desenho executado com pena e tinta, e uma combinação de giz preto, vermelho e branco, sobre velino*, montado em madeira. A cor amarelada do velino prestava-se bem para a criação de tons de pele, combinando com giz preto e vermelho cuidadosamente aplicado para os tons de verde e marrom, respectivamente.

Trajetória da obra

“La Bella Principessa” era uma obra catalogada como sendo da Escola Alemã, do início do século XIX, de técnica mista sobre velino, de autoria desconhecida. Foi vendida em um leilão da Christie’s, em Nova York, em 1998, por cerca de 22 mil dólares americanos. Nove anos depois, em 2007, foi vendida novamente por aproximadamente o mesmo valor. O comprador foi o colecionador canadense Peter Silverman, que já tentara comprar a obra no leilão de 1998 e que no leilão de 2007 dizia representar um colecionador anônimo suíço, para não chamar atenção. Silverman havia visto a obra em uma galeria de arte em Nova Iorque, antes do leilão de 1998 e achou que poderia ser um Da Vinci perdido.

Por que foi atribuída a Da Vinci?

Peter Silverman e seu amigo o Dr. Nicholas Turner, antigo depositário de gravuras e desenhos do Museu Britânico, procuraram especialistas em Da Vinci, dentre os quais os conceituados Dr. Martin Kemp, Dr. Carlo Pedretti e o Dr. Pascal Cotte, um professor de Oxford e fundador da Lumière Technology para a digitalização de arte, para que examinassem a obra e determinassem sua autenticidade. Todos, defendem que esta é uma obra de Da Vinci.

Martin Kemp diz que há testes que provam que o quadro tem pelo menos 250 anos e escreveu um livro sobre o assunto, defendendo que a sua autoria deve ser atribuída a Da Vinci. Trata-se do livro “La Bella Principessa: The Profile Portrait of a Milanese Woman – The Story of the New Masterpiece de Leonardo Da Vinci” (em tradução livre, “La Bella Principessa: O retrato de perfil de uma mulher Milanesa – A História da nova Obra Prima de Leonardo Da Vinci”).

Vejamos por que os professores entenderam que havia evidências de que esta era um Leonardo não catalogado:

1. A idade do velino.Velino, é um tipo de pergaminho feito de pele de animal e por isso pode ser submetido à exame de datação do carbono 14. Quando estamos diante de uma obra anteriormente desconhecida, mas com suspeita de ser uma obra de um grande mestre, devemos proceder todos os exames de datação possíveis. Nem sempre é possível realizar tais exames com sucesso, mas esse é o primeiro passo dado em uma autenticação. Se o exame de datação der resultado preciso, mas colocar a obra em data posterior ao suposto autor, no caso o Renascimento, o caso estará encerrado porque a obra não pode ser autêntica. Mas, no caso de “La Bella Principessa”, a datação do carbono 14 colocou o seu velino entre 1450 e 1650. Leonardo viveu 1452-1519.

2. Pascal Cotte, da Lumière Technology, disse ao jornal The Sunday Times, que um estudo de dois anos da pintura feito em laboratório de análises de arte em Paris concluiu que a obra deve ter pelo menos 250 anos. A taxa de decaimento radioativo dos átomos de chumbo encontrados no pigmento do giz coloca o artista, pelo menos, no século XVII.

3. O artista era canhoto. No exame das pinceladas, pode-se ver uma série de linhas paralelas a partir do nariz para o alto da testa, onde se observa uma inclinação negativa: \\\\. É assim que uma pessoa canhota traceja. Uma pessoa destra teria traçado linhas de inclinação positiva: ////. Nenhum outro artista, durante o Renascimento italiano, que desenhou no estilo de Leonardo era canhoto. Ao menos nenhum artista com esse perfil é conhecido.

4. A perspectiva é impecável. A perspectiva era um ponto forte de Leonardo. Ele estudou matemática durante toda a sua vida e produziu muitos estudos sobre perspectiva.

5. Os nós no ombro do vestido da jovem e da trança da mantilha sobre seus cabelos são executados com precisão vinciana.

6. Leonardo tinha uma paixão especial pela geometria. Na verdade, ele viria a tornar-se amigo de Fra Luca Bartolomeo de Pacioli, religioso, matemático e economista italiano (c. 1445-1517), para quem criou desenhos de sólidos platônicos para ilustrar a obra “Divina Proportione” (escrito em Milão; 1496-1498, publicado em Veneza, 1509). O nós em “La Bella Principessa” são semelhantes a nós desenhados por Da Vinci em ilustração para a obra de Pacioli.

7. O estilo geral de “La Bella Principessa” é Toscano, como o estilo das obras de Leonardo, embora os detalhes de acabamento sejam Milaneses.

8. Um desses detalhes de acabamento é o penteado da jovem. O rabo de cavalo se assemelha ao rabo de um cavalo de polo, após ter sido preparado para um jogo. Este estilo foi introduzido em Milão por Beatrice d’Este (1475-1497), a noiva de Ludovico Sforza. Chamado de “coazzone”, ele apresentava um trançado real ou falso como extensão do cabelo, à maneira do século 15, que corria para baixo no centro, na parte de trás. O “coazzone” estava na moda apenas alguns anos, e só na corte. Seja qual for a identidade da “Principessa”, ela se coloca no escalão superior da sociedade Milanesa.

9. Leonardo havia interrogado um artista viajante francês sobre o uso de giz colorido sobre velino, na época.

10. De qualquer forma, “novos” Leonardos exigem provas conclusivas. Para esse fim, o desenho foi enviado para o laboratório Lumière Tecnology para um avançado escaneamento multiespectral. Nesse exame encontrou-se uma impressão digital “altamente comparável” a uma impressão digital de Leonardo encontrada na obra “São Jerônimo” (c. 1481-1482), notavelmente executada em um momento que o artista trabalhou sozinho. “Altamente Comparável”, mas não conclusivamente igual. Uma outra impressão parcial da palma da mão foi posteriormente detectada.

11. A ModeloEspecialistas presumem que a jovem modelo deveria ser um membro da família Sforza, embora nem as cores dos Sforza nem seus símbolos sejam evidentes. Sabendo disso, e utilizando o processo de eliminação, é provável que a jovem modelo tenha sido Bianca Sforza (1482-1496); filha de Ludovico Sforza, duque de Milão (1452-1508) com sua amante Bernardina de Corradis. Bianca tinha sido casada por procuração em 1489 com um parente distante de seu pai, mas, porque ela tinha sete anos de idade na época, permaneceu em Milão até 1496.

Mas os especialistas já estavam divididos…

Por que alguns especialistas não acreditam que Da Vinci seja o autor de “La Bella Principessa”?

a. Ainda sobre a modelo…

Mesmo que se suponha que esse retrato seja de Bianca aos sete anos – o que é duvidoso, porque a jovem de “La Bella Principessa” não parece ter sete anos – a mantilha e os cabelos presos seriam apropriados para uma mulher casada. Por isso, outra possibilidade aventada era de a modelo ser a prima de Bianca Sforza, a quase homônima Bianca Maria Sforza (1472-1510), filha de Galeazzo Maria Sforza, duque de Milão (1444-1476) e sua segunda esposa, Bona de Saboia. Bianca Maria era mais velha, legítima e se tornou Imperatriz Romana em 1494, como a segunda esposa de Maximiliano I.

Contudo, um retrato de Bianca Maria Sforza, realizado por Ambrogio de Predis (italiano, Milanese, ca. 1455-1508), feito em 1493, mostra uma jovem que não se parece com a jovem retratada em “La Bella Principessa”.

b. Sobre o material empregado na obra e o indício apontado no item 9, acima, é importante salientar que ninguém usou giz colorido sobre velino durante o início do Renascimento, por isso esse é um ponto de atrito.

c. Por não serem conclusivamente iguais, as impressões digitais encontradas na obra, mencionadas no item 10 acima, não se constituem em provas.

d. Como se pode observar nos itens listados acima, no rol dos indícios mencionados pelos que acreditam que a obra em questão seja de Da Vinci, temos um indício material, a datação do velino, e alguns indícios estéticos, estilísticos e procedimentais. Mas nenhum deles é conclusivo, porque todos são indícios fraudáveis.

e. A identidade do modelo permanece desconhecida, apesar das especulações, nenhuma prova documental sobre ela foi encontrada.

f. Esse desenho não foi listado em qualquer inventário: nem no Milanês, nem no de Ludovico Sforza, e também não foi listado no inventário de Leonardo da Vinci.

g. Outros grandes especialistas em Da Vinci, como o Prof. Pietro C. Marani nada mais, nada menos que o homem que liderou o restauro de “A Última Ceia”, e Carmen C. Bambach, do Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque, contestam que Da Vinci possa ser o autor dessa obra. O Prof. Marini disse: “Não encontrei nesse desenho nada que seja compatível com a técnica ou estilo de Leonardo. E Carmen C. Bambach afirmou que o quadro “não parece de Leonardo”. Assim, mesmo os aspectos subjetivos da obra “La Bella Principessa” estão contestados por especialistas de grande prestígio.

Agora que você já conhece o contexto das discussões em torno dessa obra, voltamos ao falsificador Shaun Greenhalgh, que no final de 2015 jogou lenha nessa fogueira ao reivindicar a autoria de “La Bella Principessa”.

Nem obra da Escola Alemã, do início do século XIX, nem obra do Renascimento, de Leonardo da Vinci: obra de um falsificador feita em 1978! Será que isso é possível? Mas, e as provas já levantadas, como a datação do velino? O falsificador seria capaz de fazer uma obra assim?

O que disse Greenhalgh sobre como realizou a obra?

I. Materiais

I.a. A respeito do velino, Greenhalgh alega que usou um documento do ano de 1.500 como tela.

I.b. Diz o falsificador, que fez o seu próprio giz e tinta, a partir de barro e carvão de árvores centenárias.

I.c. Para a montagem por trás do velino, ele diz ter utilizado a madeira da tampa de uma carteira de escola da época vitoriana, meados do século XIX.

O historiador de arte Waldemar Januszczak, que prefaciou o livro de Greenhalgh, disse que os ingredientes naturais utilizados por Greenhalgh poderiam enganar um teste de radioisótopos.

II. A Modelo

Nem da filha ilegítima do duque de Milão, Bianca Sforza, nem de sua prima, Bianca Maria Sforza. Greenhalgh diz que a modelo foi uma jovem chamada Sally, que trabalha como assistente de caixa em um estabelecimento comercial. Ele a descreve assim:
“Apesar da posição humilde, era uma chata mandona e muito cheia de si”.

O falsificador seria capaz de fazer essa obra?

Ao menos teoricamente, sim. Basta olhar para outros feitos desse brilhante falsificador. Além dos artistas já mencionados, como Thomas Moran, Samuel Peploe, Barbara Hepworth, L.S. Lowry, Gauguin, Greenhalgh foi condenado à prisão em 2007 por forjar, entre outras peças, uma escultura egípcia, a princesa Amarna, filha do faraó Akhenaton e rainha Nefertiti, que ele dizia ser de 3.300 anos de idade, e que foi comprada pela câmara de Bolton, para o museu da cidade, por 440 mil libras.

Para que se tenha uma ideia da qualidade desse trabalho, mesmo depois de revelada a fraude, a falsa estátua egípcia do Museu de Bolton foi exposta em 2011 em uma exposição de obras falsas no Victoria & Albert Museum. Hoje a obra pertence à Polícia de Londres.

Não é fácil convencer especialistas, mesmo que desprovidos de exames laboratoriais, que uma escultura falsa é uma escultura egípcia autêntica, com 3.300 anos. A falsificação tem que ser de qualidade excepcional. Greenhalgh contava ainda com a “assessoria” dos pais. Nesse episódio, seu pai, George, que morreu em 2014, convenceu o conselho da câmara de Boulton que a escultura tinha 3.300 anos de idade, descrevendo uma relação dela com uma escultura do Faraó Tutankhamon, que também era filho do faraó Akhenaton, levando o conselho a concordar em desembolsar 440 mil libras pela escultura.

Durante dezessete anos Greenhalgh criou uma grande quantidade de falsificações no galpão de seu jardim em Bromley Cross. Além do Antigo Egito sua lavra abrangia peças como pratos da Roma Antiga e obras de vários artistas. Sempre ajudado por seus cúmplices, os pais George e Olive, já idosos, para vendê-las a compradores ilustres, incluindo o Instituto Henry Moore e a casa de leilões Sotheby’s.


Os pais de Shaun Greenhalgh, George e Olive

Calcula-se que as falsificações de Shaun Greenhalgh tenham rendido algo em torno de 1,2 milhões de euros.

Que motivos teria, em tese, Greenhalgh para mentir?

Todo crime tem uma motivação, ainda que torpe ou sem nexo para pessoas de bem ou, digamos, normais. Mas sempre há uma motivação. Qual seria a motivação de Greenhalgh para mentir dizendo ser o autor de “La Bella Principessa”?

Depois de admitir fraude e lavagem de dinheiro perante a Corte da Coroa em Bolton, em 2007, Greenhalgh foi condenado e cumpriu quatro anos e oito meses de prisão. Seu pai, George, então com 84 anos, e sua mãe Olive, então com 83, admitiram conspirar para fraudar instituições de arte entre Junho de 1989 e Março de 2006. Ela recebeu uma pena de prisão suspensa de 12 meses, enquanto o marido foi dada uma sentença de dois anos, suspensa. No entanto, a família também teve seus ativos de 404.250 libras confiscados e eles foram condenados a pagar ainda 363.000 libras para o Museu de Bolton.

Por que agora Greenhalgh viria com essa denúncia? A resposta é simples: a mesma motivação que o levou a falsificar obras de arte e objetos antigos, ou seja, dinheiro. Após o lançamento de seu livro autobiográfico, o falsificador lançou um site de venda de suas obras, que ele descreve como “exemplos de meu velho estilo de trabalho … ‘falsificações'”, assinado e vendido como obras feitas por ele, bem como esculturas em seu próprio estilo.

Há uma possibilidade, portanto, de Greenhalgh ter se aproveitado da controvérsia entre os especialistas sobre a autoria da obra “La Bella Principessa” para ganhar holofotes, o que deve aumentar as vendas em seu site, assim como a venda de seu livro.

A qualidade de “La Bella Principessa”, o prestígio das carreiras dos especialistas envolvidos e à vultosa soma de dinheiro que sua autenticidade pode determinar, aumentam a polêmica.

A obra que foi vendida em leilão da Christie’s, em Nova York, em 1998, por cerca de 22 mil dólares americanos, quando se imaginava que era uma obra de autor anônimo da Escola Alemã do início do século XIX, se tiver sua autoria reconhecida como sendo de Leonardo Da Vinci, tem valor estimado em 150 milhões de dólares americanos. Mas seria preciso haver unanimidade entre os especialistas.

O Dr. Martin Kemp diz que Greenhalgh “não pode ser levado a sério” e Peter Silverman, o colecionador canadense que “descobriu” a obra no leilão da Christie’s, lançou um desafio, frente a frente com Shaun Greenhalgh: “Ofereço 10 mil libras ao falsificador para replicar a obra diante de um comitê de peritos”.

Considerações finais

O caminho para a averiguação de autenticidade dessa obra ainda passará por muitos outros exames laboratoriais. É preciso materialização de prova para que se possa formar convicção. No caso de se chegar à conclusão de que não se trata de um Da Vinci, não acredito que a credibilidade dos peritos que acreditaram na autenticidade deva ser abalada, porque estaremos diante de uma falsificação realizada por um perito, que conhece bem os procedimentos e técnicas dos investigadores. Vejam o que Greenhalgh disse à Fiona Bruce, em seu programa da BBC:


Greenhalgh pintando “um L.S.Lowry” ao vivo no programa da BBC “Fake or Fortune”.

“O que eu sempre achei que tinha que fazer era marcar as caixas certas nas mentes dos peritos, quando viessem olhar uma pintura. Eu pensava, o que eles estariam realmente procurando, que dissesse que isso é genuíno ou não é e eu acho que se você descobrir o que esses gatilhos são e marcar essas caixas, eles vão mais longe do que a maioria das pessoas pode imaginar. – Mesmo que sejam obras de construção relativamente pobres”.

Sobre as características estilísticas do desenho, tendo a concordar com aqueles que não reconhecem nessa obra os traços de Leonardo Da Vinci. Contudo, só vi fotografias da obra. Não a examinei pessoalmente, o que torna minha apreciação um mero palpite. Essa polêmica deve durar ainda muitos anos e pode acabar bem para Greenhalgh se não ficar provada a autoria de Da Vinci e nem a falsificação. Se a obra continuar a ser considerada como uma obra anônima da Escola Alemã do início do século XIX, o falsificador não será preso novamente e colherá os frutos de toda a mídia que amealhar. A propósito, a obra também será valorizada porque muita gente terá vontade de ver em um museu a obra que esteve no epicentro de todo esse imbróglio.

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*Velino – pele de vitela natimorta, de feto bovino (ou de outro animal, como os ovinos e os caprinos), mais lisa e fina que o pergaminho comum, preparada para sobre ela se escrever, ilustrar, imprimir ou para utilização em encadernações.